quarta-feira, 29 de julho de 2009

Homem Fofo...

- Síntese da Reportagem -
maio/09
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“Eles são companheiros,
gostam de programas culturais,
não têm medo dos sentimentos
e não se assustam com
a nossa independência.
E, não, eles não são gays.
Eles são... fofos!”
(Liliane Prata)

Quando saí para jantar pela primeira vez com ele fiquei meio perplexa. Que ele era muito meigo e cheio de assunto eu já desconfiava. Sempre gostei de caras assim. Mas, enquanto esperávamos nossos pratos, a sensibilidade foi tanta que me assustou. É que, no meio da conversa, ele soltou: “Tenho certeza de que fui mulher na outra encarnação. Meu lado feminino é muito forte”. Quase engasguei: Ele era gay? Que parte da história eu tinha perdido? Bem, passado o susto inicial, constatei que ele era apenas um cara fofo. E que isso não tem nada a ver com orientação sexual.
Para essa questão do “lado feminino” que os fofos têm existem estereótipos de características masculinas ou femininas” que nossa sociedade define quais são os padrões de comportamento do homem e da mulher, ditando o que cabe a cada um deles e o que pega mal. Mas, para nossa alegria, vários homens não têm dado muita bola para o que pega mal – e aprenderam a abrir o coração, sem medo de ser feliz.
Se apaixonar por um machão criado em fazenda, desses que querem pegar todas as mulheres no Carnavalpode render graças a uma química, mas quando essa química passa: “Meu Deus, o que estou fazendo aqui?” Restam apenas monólogos, já que esses sujeitos grosseirões não são muito de conversar – diferentemente do fofo, que é ótimo papo, acrescenta coisas à sua vida, ensina, aprende, ouve, fala. Os fofos gostam de sexo, mas não apenas de sexo. Outra vantagem é que eles não estão preocupados em mandar. Querem compartilhar. E uma dica: não adianta procurar em estádio de futebol, certo? Num cinema, exposição ou parque será mais provável encontrá-lo.
Hoje existe uma boa oferta de fofos. O problema é que sempre tem muita mulher atrás deles! Afinal, homens sensíveis são concorridos Os fofos não são adeptos da galinhagem, o que os torna mais adoráveis, mas são muito assediados. A mulherada não resiste à capacidade que eles têm de lidar com as emoções e com as palavras. Ou seja: esse tipo de homem tem características que estão presentes em nossas amigas. Ou será que você tem alguma amiga que só abre a boca para falar sobre futebol?
Na cabeça dos fofos ocorre pensamentos como: “Não consigo me interessar por uma mulher sem antes saber o que ela pensa, como vê o mundo”. “Quero descobrir o que ela tem de original, além da imprescindível sintonia física”. “Gosto de conversar e não me importo se o salário dela é maior que o meu”.
Outras características fundamentais dos fofos é que eles não têm pavor de compromisso e eles têm a coragem que importa: não a de xingar no trânsito ou no estádio, mas a de amar as mulheres.
Na cama, um fofo não costuma decepcionar: preocupado com o prazer feminino, ele sabe fazer e receber carinho. Na cozinha, também é ótimo: não acha que louça é assunto só de mulher.
O homem que aceita uma relação igualitária, que divide as tarefas domésticas e vê na mulher uma companheira, e não uma rival, passa a ser desejado pela ala feminina independente, que não aceita a posição de submissão. Há hoje uma expectativa de que os homens sejam mais delicados, atenciosos, femininos. As mulheres esperam, e até mesmo exigem, que eles mudem no que diz respeito à relação amorosa e um dos nossos passatempos preferidos é (tentar) mudar um homem!
Brincadeiras à parte, muitos têm se sentido mais à vontade para recusar o padrão de macho provedor. O homem foi se liberando do seu papel tradicional à medida que a mulher entrava no mercado de trabalho.
Com muitas idéias (e fantasias!) na cabeça, dinheiro na mão e pílula na bolsa, nos tornamos capazes de ampliar o significado da palavra “feminino. Os homens puderam, a partir disso, se libertar do estereótipo masculino. Hoje, os mais carinhosos podem dar vazão a sua afetividade, os que têm talento na cozinha já não se intimidam de colocar o avental e muitos se permitiram manifestar seu lado mais inseguro e até chorão.
Espere um pouco, características femininas têm limite, certo?
Adoro caras sensíveis. Eles sabem reconhecer o belo, seja na literatura, no cinema, seja nas pequenas ações. Dão valor às experiências e às pessoas, mas valorizo muito a decisão do 'macho'. Gosto de homens que sabem o que querem. No fundo, adoro me sentir protegida.
Esse discurso híbrido é típico das mulheres que estão na faixa dos 30 anos. Ainda aprendemos com nossas mães a esperar que o homem traga estabilidade e proteção. Já as demais costumam encará-los como parceiros, e não como os responsáveis pela segurança.
Combinado: não esperamos nada de um homem, apenas que ele seja ideal! Porque esse tipo desejado – sensível e forte – é a fusão perfeita do fofo com o antigo 'macho'.
Porem, numa coisa não concordo totalmente. Os fofos são reais, não ideais. Também têm lá seus defeitos, suas incoerências e chatices. Afinal, eles não são um estereótipo, são pessoas. E talvez seja por isso que nós gostamos tanto deles.
Dicas para “enfofar” seu 'machão':
Não sonhe alto demais. Um cara só vai revelar o seu lado fofo se existir um lado fofo a ser revelado. Caso você desconfie dessa possibilidade, estimule!
Escute-o, seja receptiva quando ele ousar mostrar sua sensibilidade.
Convide-o para programas culturais. Talvez ele imagine que museu ou galeria seja chato apenas porque nunca foi a uma exposição interessante. Seja esperta e pense em lugares e situações com o perfil dele.
Tente identificar incoerências no próprio comportamento: se você quer um cara sensível que também seja 'machão' fica difícil. Esse "gosta, não gosta” pode acabar travando a fofura dele.
Ele não tem assunto? É rude com você? Tente reverter o problema com uma conversa. Se ele tem o hábito de levantar o tom de voz, ao invés de reclamar, pare com as lamentações e comece a conversar seriamente sobre o que te magoa. Faça questão de ser ouvida e saiba se fazer respeitar.

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