
e um monte de pedras nos bolsos
aos olhos, tantas estradas
e os rastros do passado
carrego a desventura do sonho
como meu bem mais precioso
às mãos, apenas a atrofia
e as infinitas possibilidades do vazio
carrego meus ossos, meus órgãos, meus medos
no cântaro das minhas náuseas
- mas já não tenho certezas
fecharam-se as portas das minhas igrejas
meus santos, descobri-os de gesso
e suspiro órfão às margens do Vale!
(...)
pudera escalar pedras, fossas abissais
caminhar descalço nos caminhos que sempre sonhei
marcar a fogo as leis da humanidade
mas vazaram-se os olhos da terra
entortaram-se os pés
recolheram-se os dedos das mãos
e assim, fetal, recolho-me ao princípio
onde ainda se é possível
o desejo e a história."
(Viegas Fernandes da Costa)
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